O câncer de colo do útero, também chamado câncer cervical, é o terceiro
câncer mais comum em mulheres no Brasil, estatísticas do INCA estimam 15.590
casos em 2014. Ainda é uma doença mais frequente em países em desenvolvimento,
onde ocorrem 85% do total dos casos no mundo. Nos países desenvolvidos uma
significativa redução do surgimento desse câncer e da mortalidade foi obtida
após a implantação de programas de rastreamento populacional a partir das
décadas de 1950 e 1960.
No início o câncer de colo uterino é frequentemente assintomático por
isso ressalta-se a importância do rastreamento. Os sintomas mais comuns à
apresentação são: sangramento vaginal irregular ou abundante após relação
sexual. Algumas mulheres apresentam corrimento vaginal aquoso, tipo muco ou pus
e com mau odor. A doença em estágio avançado pode se apresentar com dor ou
sensação de peso na região pélvica, dor lombar que se irradia para membros
inferiores, sangramento na urina e fezes ou também ínguas aumentadas na
virilha. Nas mulheres sem sintomas, o câncer cervical pode ser descoberto
decorrente do rastreamento ou incidentalmente, se for visualizada uma lesão no
colo uterino ao exame ginecológico. O diagnóstico é feito mediante biópsia da
lesão.
O vírus papiloma humano (HPV) exerce papel central no desenvolvimento do
câncer de colo de útero e pode ser encontrado em 99,7% destes cânceres. Os
subtipos HPV-16 e HPV-18 são responsáveis por 70% dos cânceres cervicais. Esse
vírus é transmitido sexualmente e estima-se que cerca de 80% das mulheres
sexualmente ativas irão adquiri-lo ao longo de suas vidas.
São fatores de risco conhecidos para o câncer de colo uterino: início
precoce de atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais, parceiro sexual
sabidamente infectado com o vírus HPV, história pessoal de doença sexualmente
transmissível (ex. herpes genital, gonorréia), de câncer ou lesão
pré-cancerígena vulvar ou vaginal (a infecção por HPV é também a etiologia mais
comum nestas condições) e Imunossupressão (AIDS).
O cigarro é associado ao tipo histológico de células escamosas, mas não
ao adenocarcinoma. O câncer cervical é menos comum em parceiras sexuais de
homens circuncidados.
O uso da camisinha durante a relação sexual previne o câncer de colo
uterino por evitar a transmissão do vírus HPV e também evita uma série de
doenças sexualmente transmissíveis.
Esse câncer demora muitos anos para se desenvolver. As alterações
celulares, desencadeadas, sobretudo pelo efeito do HPV prévias ao
desenvolvimento do câncer podem ser detectadas pelo exame preventivo de
citologia oncótica (também conhecido como Papanicolau) por isso é importante a
sua realização periódica.
Quanto mais precoce o diagnóstico maiores as chances de cura.
Diretrizes brasileiras recomendam realização do exame Papanicolau em
mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos que já iniciaram atividade sexual. A
rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do Papanicolau a
cada três anos após dois exames normais consecutivos realizados no intervalo de
um ano. Caso o exame esteja alterado o profissional de saúde irá direcionar
para novas etapas de investigação como a repetição do exame mais frequente ou a
realização de outro exame chamado colposcopia e biópsia. Mesmo as mulheres
vacinadas devem continuar a fazer o exame preventivo.
Há duas vacinas aprovadas para comercialização no Brasil a quadrivalente
que protege contra quatro subtipos do HPV (6, 11, 16 e 18), com eficácia de 98%
e a bivalente que protege contra o 16 e 18. A vacina passou a ser ofertada
gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 11 a 13 anos em
10 de março de 2014. O esquema de vacinação é composto por três doses sendo que
a segunda será aplicada com intervalo de seis meses e a terceira, de reforço,
cinco anos após a primeira dose. Em 2015, serão vacinadas as adolescentes de 9
a 11 anos e, em 2016, começam a ser imunizadas as meninas que completam 9 anos.
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