Já está comprovado que a amamentação pode oferecer inúmeros benefícios à saúde da mãe e do bebê. E a prevenção do câncer de mama é mais um deles. Estima-se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação. Essa proteção independe de idade, etnia, paridade e presença ou não de menopausa. Além disso, o leite materno também protege a criança de um eventual câncer de mama na fase adulta.
Segundo o técnico da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica do Inca Ronaldo Corrêa, existem vários estudos realizados nos últimos 30 anos mostrando uma associação entre a amamentação e a prevenção do câncer de mama. “Existe uma correlação de tempo da amamentação. Ou seja, quanto mais a mulher amamenta e por mais tempo – se ela teve dois, três partos, e nesses partos ela amamentou durante muito tempo – ela diminui o risco em comparação com mulheres que não tiveram tantos partos e não amamentaram por tanto tempo”, afirma.
Além disso, pesquisas comprovam que países menos desenvolvidos têm menos casos da doença. “As populações dos países menos desenvolvidos são as que têm mais filhos e amamentam mais. E os estudos mostram: a incidência de câncer de mama nesses países é menor. É claro que há exceções, como no Japão, onde a prática e o tempo da amamentação são altos. E, dentre os países desenvolvidos, é o que talvez tem a menor taxa de incidência de câncer de mama”.
A justificativa para tal proteção ainda não foi completamente comprovada, mas já há várias teorias para isso. “Tem uma que afirma que enquanto a mulher amamenta, ela bloqueia os ciclos ovulatórios, diminuindo a sobrecarga hormonal. Ou seja, ela deixa de produzir um quantitativo maior de hormônios femininos nessa fase. Então isso poderia ser uma explicação, visto que uma grande parte do número dos casos de câncer de mama tem relação com hormônio feminino”, explica Corrêa.
Outra explicação plausível é que durante a amamentação a mulher perde peso. “O excesso de peso é um fator de risco para o câncer de mama. Então amamentando durante muito tempo a mãe tem uma perda maior de peso e essa perda seria um efeito protetor contra a doença”, diz o técnico do Inca. Outra teoria seria o fato do leite circular pelos ductos mamários, removendo agentes cancerígenos da superfície das células ductais.
O câncer de mama é o segundo mais comum no mundo e o mais frequente entre as mulheres, com uma estimativa de mais 1,15 milhão de novos casos a cada ano, e responsável por 411.093 mortes a cada ano. No Brasil, estimam-se 52.680 novos casos em 2012/2013.
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