sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Colesterol 'alimenta' câncer de mama, diz estudo


A pesquisa sugere que o uso de medicamentos que diminuem o nível de colesterol – as chamadas estatinas – pode prevenir tumores.

O trabalho, que foi publicado na revista científica Science, ajuda a explicar por que a obesidade é um dos principais fatores de risco da doença.

No entanto, organizações que trabalham na conscientização e combate ao câncer de mama alertaram que ainda é muito cedo para recomendar o uso de estatinas na prevenção de tumores.


Hormônios

A obesidade já é considerada um fator de risco em diversos outros tipos de câncer, como mama, intestino e útero.

A gordura em pessoas acima do peso faz com que o corpo produza mais hormônios como o estrogênio, que pode facilitar a disseminação de tumores.

O colesterol é "quebrado" pelo corpo em um subproduto chamado 27HC, que tem o mesmo efeito do estrogênio. Pesquisas feitas com camundongos por cientistas do Duke University Medical Centre, nos Estados Unidos, demonstraram que dietas ricas em colesterol e gordura aumentaram os níveis de 27HC no sangue, provocando tumores que eram 30% maiores, se comparados a animais que estavam com uma alimentação regular.

Nos camundongos com dieta rica em gordura, os tumores também se espalharam com maior frequência. Testes feitos com tecidos humanos contaminados com câncer de mama também cresceram mais rapidamente quando injetados com 27HC.

"Vários estudos mostraram uma conexão entre obesidade e câncer de mama, e mais especificamente que o elevado colesterol está associado ao risco de câncer de mama, mas nenhum mecanismo foi identificado", afirma o pesquisador Donald McDonnell, que liderou o estudo.

"O que achamos agora é uma molécula, não o próprio colesterol, mas um subproduto abundante do colesterol, chamado 27HC, que imita o hormônio estrogênio e consegue de forma independente provocar o crescimento do câncer de mama."


Mais pesquisa

As estatinas já são usadas hoje em dia por milhões de pessoas para combater doenças cardíacas. Agora há estudos sugerindo que elas podem ajudar na prevenção ou combate ao câncer.

Mas entidades que lidam com saúde feminina não recomendam que as mulheres passem a tomar estatina por esse motivo.

"Até agora pesquisas que relacionam níveis de colesterol, uso de estatina e risco de câncer de mama ainda são inconclusivas", diz Hannah Bridges, porta-voz da Breakthrough Breast Cancer, entidade britânica de combate ao câncer de mama.

"Os resultados deste estudo inicial são promissores e se confirmados através de mais pesquisas podem aumentar nossa compreensão sobre o que faz com que alguns tipos de câncer de mama se desenvolvam."

Emma Smith, porta-voz de outra instituição, a Cancer Research UK, também afirma que ainda é "cedo demais" para que as mulheres passem a tomar estatina.

As duas entidades dizem que o colesterol pode ser combatido por meios alternativos ao uso de estatina. Uma forma é através de uma dieta mais saudável e de exercícios regulares.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Brócolis contra o câncer

O brócolis contém grandes quantidades de glicosinolatos e inúmeros estudos têm relacionado o consumo de crucíferos com a quimioprevenção do câncer, principalmente devido aos isotiocianatos advindos da hidrólise dos glicosinolatos. Um dos glicosinolatos mais evidentes no brócolis é o sulforafano que apresenta efeitos bloqueadores e supressores. A função bloqueadora consiste na inibição de enzimas de fase 1 que convertem os pró carcinógenos em carcinógenos e, promovem a indução das enzimas de fase 2 que auxiliam na excreção desses carcinógenos.

O efeito supressor induz a apoptose das células cancerígenas e inibe o seu crescimento e proliferação. Além disso, o sulforafano demonstrou suprimir a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) e a metástase. De acordo com os estudos a sua administração oral inibe o crescimento do câncer de próstata e pancreático. Outro estudo demonstrou uma relação inversa entre o consumo de brócolis e o risco de câncer de mama e mulheres pré menopausa. Pesquisas apontam ainda a sua capacidade de inibir a síntese de proteínas responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento celular.

Outro componente presente nos crucíferos é o indol-3-carbinol responsável pela inbição da 16-alfa-hidroxi-estrona, um tipo de estrógeno que causa danos ao DNA e inibe a morte celular, provocando a proliferação das células tumorais e de uma possível metástase. Esse estrógeno está relacionado com os cânceres de mama, próstata e ovários.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Olhos também podem ser alvos de câncer

Quando se fala na saúde dos olhos, é comum que as pessoas conheçam algumas doenças que acometem o órgão, como miopia, astigmatismo, catarata, glaucoma, entre outras. Mas o que muita gente não sabe é que o olho também pode ser acometido por câncer.



O Dia Nacional de Combate ao Câncer, comemorado no próximo dia 27, é um alerta para que a população passe por consultas regulares e assim, caso um tumor maligno seja diagnosticado precocemente, o paciente tenha mais chances de cura.

De acordo com o oftalmologista da Clínica Unilaser, em Santos, e professor de Residência Médica em Oftalmologia do Hospital Ana Costa, Dr. Fabiano Bojikian Ciola, o tumor maligno mais comum entre os adultos é o melanoma de coróide, cuja incidência geral é de 5 a 7,5 para cada 1 milhão de pessoas por ano em países do ocidente.

"A coróide é uma camada pigmentada e vascularizada, situada no fundo do olho entre a esclera e a retina. Por normalmente não apresentar sintomas, o diagnóstico costuma ser feito em exames de fundo de olho, nas consultas de rotina. Quando há sinais da doença, o paciente apresenta queda de visão, presença de pontos luminosos ou perda de campo visual", alerta o especialista.

O tratamento varia de acordo com o tamanho do tumor e outros fatores, como idade do paciente, saúde no geral, localização da lesão e visão do olho afetado. "Em pequenas e médias lesões, a opção mais utilizada é a braquiterapia ocular (radiação direta no tumor) de forma isolada ou em conjunto com a laserterapia. A enucleação, que é a retirada do globo ocular, é restrita aos casos mais graves quando há invasão do nervo óptico e perda irreversível da visão útil", observa Ciola.

Este tipo de câncer é considerado invasivo, já que apresenta grandes chances de produzir metástase e levar à morte. Sua causa ainda é desconhecida, mas existem evidências de que pessoas de etnia branca, idade avançada e quantidade de nevos (pintas, manchas) na coroide estão mais propensas a desenvolver esse tipo de tumor.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Câncer de pescoço e cabeça, também é importante se informar

O câncer de pescoço e cabeça é um câncer menos conhecido e de menor incidência do que outros tipos como o de mama, próstata, boca, etc. Porém ele é tão perigoso quanto os outros e é um tipo de neoplasia em que os sintomas e informações são menos conhecidos pela população.

Os sintomas típicos dos tumores de cabeça e pescoço são, principalmente, o surgimento de nódulos, feridas que não cicatrizam, dor de garganta que nunca sara, dificuldade para engolir e alteração ou rouquidão na voz.

O câncer de cabeça e pescoço possui alguns principais fatores de risco, que se evitados, podem ajudar a prevenir o câncer. Os principais são o consumo de álcool e o tabaco, que representam 75% dos casos. Estes fatores são importantes, especialmente para os cânceres da cavidade oral, orofaringe, e laringe. A parte da população que consome tabaco e álcool juntos tem maior risco de desenvolver esses tipos de câncer do que as pessoas que são apenas alcoólatras ou só tabagistas.

Outra questão importante é a infecção com o vírus do papiloma humano (HPV), que também é um fator de risco para alguns tipos de cânceres de cabeça e pescoço, como o câncer de orofaringe, que envolve as amígdalas ou a base da língua. Nessa questão, é preciso que haja uma prevenção rotineira, primeiramente para não contrair esse vírus.

A reabilitação e acompanhamento regular são partes importantes do tratamento para pacientes com câncer de cabeça e pescoço, por isso, visite sempre seu médico, faça check-ups anuais de todo o corpo. Pois caso você possua uma doença, a descobrimento dela nos estágios iniciais faz com que possua uma maior chance de cura.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

GAPC realiza caminhada contra o câncer em Taubaté

No dia 27 de novembro, em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Câncer, o GAPC – Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer - realiza a 9ª Caminhada Contra o Câncer na cidade de Taubaté.

A frase tema da campanha é: “Vale a pena lutar pela vida!”. O objetivo é a conscientização sobre a prevenção. Incentivar a população a realizar o auto-exame, ter uma alimentação saudável, fazer atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas e visitar o médico regularmente.

A concentração da caminhada será na Praça Santa Terezinha às 9h e segue em direção a Praça Dom Epaminondas, onde terá o ônibus consultório do Projeto PrevenIR do GAPC, fazendo rastreamento de câncer de boca, garganta e mama. Além do ACISO (Ação Cívico Social) do Exército Brasileiro (Base de Aviação de Taubaté), que estará na praça D. Epaminondas realizando a verificação da pressão arterial, glicemia, IMC, circunferência abdominal, etc. O Show musical fica por conta da Banda da Aviação do Exército.

Para participar da caminhada e ganhar uma camiseta da campanha, é preciso fazer a inscrição no GAPC de Taubaté, Rua Dr. Souza Alves, 369 – Centro. O Valor da inscrição é um quilo de alimento não perecível. Mais informações ligue (12) 3622-6665 ou (12) 3426-6664.

Foto: Caminhada contra o câncer de 2012





Câncer de ovário: ultrassom é grande aliado do diagnóstico precoce

Mal que costuma ocorrer com mais frequência depois dos 60 anos, o câncer de ovário felizmente vem
gradativamente diminuindo nos últimos vinte anos. Porém, segundo dados da American Cancer Society a incidência ainda é contínua, só este ano mais de 22 mil norte-americanas receberam diagnóstico de câncer de ovário.

No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), as estatísticas apontam para uma incidência mais baixa desse tipo de câncer. No ano passado, foram registrados pouco mais de seis mil novos casos. Entretanto, em 75% das vezes, o câncer já estava em estado avançado no momento do diagnóstico – o que reforça a importância da prevenção.

Na sua evolução, o câncer de ovário costuma ser uma doença silenciosa, dificultando as chances de tratamento e cura. Por isso, é importante que as mulheres estejam sempre atentas. De acordo com o Doutor Osmar Saito, médico radiologista do Centro de Diagnósticos Brasil (CDB), os cistos de ovário são muito mais frequentes do que o câncer de ovário. Características percebidas no exame de ultrassom apontam claramente as diferenças entre cisto e tumor. "O cisto ginecológico simples geralmente é formado por líquido de aspecto homogêneo, sem vegetações sólidas nas suas paredes internas. Por outro lado, o tumor é uma massa anormal de tecido, geralmente sólida, mas que poderá conter alguma quantidade de líquido também. Vale ressaltar que nem todos os nódulos com vegetações são malignos", diz o médico.

A endometriose também pode apresentar cistos com septos e conteúdo espesso – que muitas vezes sugerem tumores de natureza maligna. A doença costuma acometer boa parte das mulheres jovens. "Nesse ponto, o uso do ultrassom com Doppler colorido poderá identificar, dentro das vegetações ou septos, vasos arteriais. Outros tumores que atingem pacientes jovens são os teratomas, cujo componente maior é a gordura, mas podem ter dentes e, espantosamente, até cabelo. Embora benignos, eles podem sofrer ação gravitacional e torcer o ovário, resultando numa urgência cirúrgica", afirma o radiologista. Na opinião de Saito, o surgimento de cistos com formas bizarras (septos, vegetações internas e líquido espesso) em pacientes na menopausa costuma gerar maior preocupação, já que podem favorecer metástases (semeadura de células tumorais) precocemente. "Se diagnosticados a tempo e retirados cirurgicamente, esses tumores costumam ter altos índices de cura. Portanto, o grande aliado da saúde da mulher é o exame clínico periódico, seguido de perto dos exames laboratoriais e dos exames deimagem, como o ultrassom".

Os sintomas que costumam levar à investigação diagnóstica do câncer de ovário são a dor pélvica, dor
durante a relação sexual, aumento progressivo do volume da barriga, alterações no ritmo alimentar perda e apetite ou rápido empachamento logo após as refeições), e aumento da frequência urinária.

Sempre que esses sintomas persistem por algumas semanas, é hora de buscar ajuda médica. Embora o públicoalvosejam mulheres na menopausa, esses sintomas também podem acometer pacientes jovens – que nem por isso devem deixar de consultar um especialista.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Uso de anabolizantes pode aumentar risco de câncer de fígado

Especialmente no verão, muitas pessoas passam a buscar a realização de um milagre: atingir curvas invejáveis em curto espaço de tempo. Não raro, os anabolizantes aparecem como uma solução temporária. Mas é preciso ter consciência que este tipo de substância traz graves problemas para a saúde, entre eles, o aumento de riscos do câncer de fígado. O alerta é do Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo.


De acordo com o órgão, o uso sem prescrição médica de hormônios, mais conhecidos como “bomba”, para acelerar o crescimento muscular é arriscado e perigoso. “O uso de anabolizantes de forma indiscriminada, com objetivos estéticos, pode gerar efeitos colaterais fatais, pois esses hormônios sobrecarregam o fígado e desequilibram o organismo de forma grave”, explica o hepatologista Carlos Baía, responsável pelos transplantes de fígado no hospital. Os tumores associados ao uso de anabolizantes podem ser benignos ou malignos e, em alguns casos, o transplante de fígado pode ser a única opção de tratamento.

E os problemas não param por aí; a prática também pode trazer consequências como problemas cardiovasculares, impotência, atrofia testicular, falta de libido, acne, elevação do colesterol, aumento da pressão arterial e perda óssea. Além disso, alguns produtos são derivados de hormônios masculinos, e podem causar “masculinização” de mulheres, como mudança da voz, queda de cabelos e interrupção da menstruação. Os anabolizantes são medicamentos indicados para tratamentos específicos, supervisionados e prescritos somente por médicos, por um período de tempo predeterminado. São utilizados para tratar desgastes da musculatura e ossos, além de serem prescritos aos portadores de hipogonadismo (homens que sofreram trauma testicular ou que tiveram que retirar os testículos). Para conquistar massa muscular de maneira correta e saudável, é preciso aliar alimentação balanceada, recomendada por nutricionistas, com exercícios de hipertrofia (musculação), acompanhados por educadores físicos.

9ª Caminhada Contra o Câncer de Taubaté


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Câncer de pele atinge mais de 20% da população brasileira


Nas últimas décadas, a incidência de câncer da pele aumentou significativamente no mundo todo e no Brasil. Segundo dados obtidos por meio das campanhas de prevenção à doença da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), estima-se que 76% dos homens e 62% das mulheres se expõem ao sol sem qualquer tipo de proteção.

O câncer de pele é o mais frequente no Brasil e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no País, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Apesar de ser essencial à vida, pois proporciona sensação de bem-estar, o sol também pode causar danos à pele, devido aos raios UVA, UVB, IV (Infravermelho) e luz visível, como câncer, envelhecimento precoce, irritações, inflamações, lesões, queimaduras e feridas.

Para se cuidar e se prevenir destes males é necessário usar protetor solar de qualidade e adequado a cada tipo de pele.

“A proteção contra os raios UVA e UVB deve vir indicada no rótulo dos produtos. Os protetores que contém ação tonalizante, também, contribuem para bloquear os danos causados pela luz visível e para uma ação ainda mais efetiva”, declarou a especialista Marta Foppa. “Os filtros solares mais modernos protegem o DNA celular e o colágeno, prevenindo o envelhecimento precoce”.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

DIABETES X CÂNCER

Diabetes e câncer são doenças de elevada incidência e apresentam grande impacto na saúde da população mundial. A Organização Mundial da Saúde estima que, até 2030, são esperados 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes em função da doença e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e média rendas. Já o Diabetes, segundo informações da International Diabetes Federation (IDF), publicadas em dezembro de 2012, há no mundo, 371 milhões de pessoas portadoras de diabetes com idades entre 20 e 79 anos, sendo que 50% delas desconhecem essa condição. O Brasil ocupa a 4ª posição entre os países com maior prevalência de diabetes: 13,4 milhões de pessoas portadoras de diabetes. Isto corresponde a aproximadamente 6,5% da população entre 20 e 79 anos de idade.

“Há mais de 50 anos, tem-se registrado a ocorrência das duas doenças em um mesmo indivíduo. Mais recentemente, os resultados de diversos estudos têm indicado que alguns tipos de câncer ocorrem mais comumente em pacientes com diabetes (predominantemente no paciente com diabetes tipo 2), enquanto câncer de próstata é menos frequente nesses pacientes”, afirma Dr. Amândio Soares, oncologista e diretor da Oncomed BH.

O médico explica que os tipos de câncer associados à diabetes são fígado, pâncreas, intestino e endométrio em pelo menos duas vezes e, em menor grau, câncer de cólon e reto, mama e bexiga.

Entretanto, a causa ou mecanismo biológico dessa associação ainda não está esclarecido. “Existem dúvidas se a associação do câncer e diabetes é direta (devido à elevação da glicemia), se a diabetes é um fator biológico que altera o risco de desenvolver câncer ou se a associação de câncer e diabetes é indireta e devido a fatores de risco comuns às duas doenças, como a idade, o sexo, o sobrepeso, a obesidade, o sedentarismo, a dieta inadequada, o álcool e o tabagismo”, pontua Dr. Amândio.

O uso da metformina, um medicamento oral comumente indicado no tratamento de pacientes com diabetes tipo 2, parece reduzir a incidência e mortalidade por câncer em pacientes diabéticos. “Alguns pesquisadores observaram, recentemente, que pacientes com diagnóstico de câncer de mama e diabetes que usavam metformina apresentavam maior chance de desaparecimento tumoral da mama (resposta patológica completa) do que as mulheres com diabetes que não usavam este medicamento ou até mesmo em relação às mulheres não diabéticas, sugerindo um efeito antineoplásico desta medicação”, explica.

Como método preventivo, tanto para o câncer, quanto para a diabetes, recomenda-se visitas regulares ao médico, a prática regular de atividades físicas, uma dieta balanceada, que se evite o ganho de peso, bem como bebidas alcoólicas e o tabagismo. Neoplasias como câncer do colo do útero, câncer de mama, câncer do cólon e do reto e câncer de próstata, têm procedimentos de prevenção e/ou diagnóstico precoce bem estabelecido.

* O Dia Mundial do Diabetes foi criado em 1991 pela International Diabetes Federation (IDF) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em resposta ao aumento do interesse em torno do diabetes no mundo.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Novos testes ajudam a decidir se mulher com câncer de mama deve fazer químio

Uma nova geração de testes genéticos começa a ser usada no Brasil em certos casos de tumor nos quais há margem para dúvidas sobre qual é o caminho mais seguro e menos nocivo a ser trilhado no tratamento.

Há muito tempo os médicos já sabem que só tamanho não é documento quando se fala da agressividade de um tumor. E mesmo as informações colhidas pela análise do tecido tumoral no microscópio não revelam tudo o que o oncologista precisa saber para decidir se, após a cirurgia, uma mulher com câncer de mama deve ou não se submeter à quimioterapia.

Neste ano, um exame chamado Mammaprint, que analisa 70 genes do tumor, começou a ser usado por médicos particulares no país.

Outro teste, o Pam50, de 57 genes, também deve chegar ao Brasil em breve. Eles se juntam a um outro método anterior, o Oncotype (que analisa 21 genes e já é usado há alguns anos), para dar subsídio aos médicos na hora de mudar (ou não) a terapia escolhida.

Há ainda um outro painel, mais restrito, de três genes, que começou a ser oferecido, há um mês, pelo laboratório Salomão Zoppi.


NA PRÁTICA

Antonio Frasson, mastologista do hospital Albert Einstein e professor da PUC do Rio Grande do Sul, já aplicou o Mammaprint em cerca de 20 pacientes com câncer.

Primeiro, a mulher passa pela cirurgia de retirada do tumor. Uma amostra desse tecido é colocada em um bloco de parafina e enviada a um laboratório nos EUA. O exame analisa 70 genes ligados à capacidade de proliferação das células e de sua infiltração em outros órgãos.

Três ou quatro semanas depois, diz Frasson, chega o resultado, que afirma se a doença tem bom prognóstico ou não. Se o prognóstico é bom, afirma o médico, isso quer dizer que a paciente tem uma chance em torno de 95% de estar bem daqui a dez anos. Se for ruim, a chance é menor. "Com essa informação, podemos selecionar quem pode ser poupada da químio depois da cirurgia."


SELEÇÃO

O teste, no entanto, não é indicado para todas as mulheres com câncer. Casos em que o tumor é claramente não agressivo ou nos quais já se vê risco de metástase não pedem o Mammaprint, que custa cerca de R$ 12 mil e não é coberto por planos de saúde.

De acordo com Sergio Simon, oncologista do Albert Einstein, uma primeira análise, chamada de imuno-histoquímica, usada já há 20 anos, mostra se o tumor tem receptores de hormônios femininos e se tem a expressão da proteína HER2.

Isso já pode mostrar se o tumor é agressivo e requer uma terapia específica, dispensando o painel genético mais amplo. Nos outros casos, a análise genética pode ser reveladora. "Às vezes, há tumores pequenos extremamente agressivos, e esse exame mostra. Tumores maiores podem ser indolentes."

Segundo Simon, o teste muda a conduta em até 40% dos casos, em geral para não usar a quimioterapia. "Reservamos o tratamento para quem realmente precisa."

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Um ‘novo’ tipo de câncer

O câncer de cabeça e pescoço é o quinto no ranking de neoplasias mais incidentes na população mundial. Ao todo, cerca de 780 mil novos casos surgem todos os anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). As áreas atingidas são as cavidades bucal e nasal, faringe, laringe, glândulas como as da tireoide e cordas vocais. Um dos grandes especialistas do mundo na área, o médico egípcio Hisham Mehanna esteve no Brasil e conversou sobre suas pesquisas e os avanços em novos tratamentos e intervenções cirúrgicas para a doença.

Mehanna é diretor do Instituto de Estudos e Educação de Cabeça e Pescoço (InHanse, na sigla em inglês) e do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade de Birmingham, na Inglaterra. O médico atua em novas abordagens terapêuticas contra o câncer, como a busca por biomarcadores tumorais capazes de permitir a identificação do tratamento mais indicado para o paciente, ao mesmo tempo em que aposta no desenvolvimento de cirurgias menos invasivas.
Como forma de incentivar o intercâmbio de conhecimento entre Brasil e Inglaterra, Mehanna destacou a importância da parceria firmada em outubro entre o Inca e a Universidade de Birmingham, que vai estabelecer uma série de iniciativas nos setores de ensino e pesquisa, principalmente em relação a tumores na faringe, recentemente associados ao papilomavírus humano (HPV).

Em que abordagens clínicas e laboratoriais a sua equipe atua?
Hisham Mehanna: Nosso grupo trabalha em diversas frentes. Na pesquisa translacional, estudamos os genes de um tumor, em busca de melhores técnicas de diagnóstico e tratamento. Realizamos ensaios clínicos em humanos com tumores ainda em estágio inicial, para a prescrição de drogas, além de avaliar a funcionalidade de novos medicamentos. A partir desses resultados, buscamos o aperfeiçoamento dessas drogas, a fim de minimizar a toxicidade e aumentar a qualidade de vida da pessoa.

Uma de suas especialidades é a cirurgia de reconstrução microvascular. Como ela funciona?
Eu me especializei nesse tipo de cirurgia na qual se retira o tumor de áreas como o maxilar e a língua, substituindo-o pelo que chamamos de tecidos microvasculares – geralmente pedaços pequenos da coxa, músculo e vasos sanguíneos.
Um paciente com tumor na língua não consegue falar ou engolir direito. Na cirurgia, implantamos o pedaço da coxa na língua e reconectamos os vasos sanguíneos daquele tecido. A vascularização é fundamental para que o tecido não morra depois da cirurgia. É uma operação complicada, minuciosa, que requer inclusive uso de microscópio e pode chegar a 12 horas de duração, então o paciente precisa estar em boas condições clínicas. Mas é uma iniciativa bem-sucedida em 95% a 98% das vezes, ou seja, oferece boas chances de sobrevivência.

Suas pesquisas também envolvem a identificação de biomarcadores para o câncer de cabeça e pescoço. Como eles podem ajudar no tratamento personalizado dos pacientes?
Os biomarcadores são moléculas biológicas que precisam ser identificadas dentro do tecido tumoroso, numa biópsia. Eles vão nos ajudar a selecionar quais pacientes têm maiores chances de recuperação com cada tratamento. A maioria dos pacientes realiza quimioradioterapia, mas em 50% das vezes essa abordagem não funciona. O grande problema é que não sabemos identificar previamente quem responderá ao tratamento.
A maioria dos pacientes realiza quimioradioterapia, mas em 50% das vezes essa abordagem não funciona
Outro desafio é a caracterização detalhada dessas moléculas, porque pesquisadores de todo o mundo precisam identificá-las. Isso se torna ainda mais difícil, dada a heterogeneidade dos tumores: mesmo biópsias de duas pessoas que tenham o mesmo tipo de câncer são bem diferentes entre si. Ainda não temos bons biomarcadores para utilizar em pesquisa, mas estamos aperfeiçoando sua identificação.

Você também estuda a ligação do câncer de orofaringe com o HPV. É um quadro que mudou nos últimos anos...

Esse tipo de câncer, que atinge as amígdalas e pode chegar às vias nasais e ouvidos, é um dos mais prevalentes no Ocidente. No Reino Unido, o número de casos dobrou se compararmos os intervalos de 1996 a 2006 e de 2006 a 2011. Além disso, no primeiro período, a cada dez pessoas, quatro tinham HPV (as chamadas HPV+), enquanto no segundo 16 de cada 20 pacientes eram HPV+. Ou seja, não apenas a taxa de incidência do câncer se multiplicou, como também o número de casos originados pelo vírus. Não sabemos quando isso vai parar.

Essas diferenças estão associadas a uma mudança no próprio perfil dos pacientes atingidos pela doença?
Sem dúvida. O perfil dos casos também mudou muito nos últimos cinco anos, justamente por sua conexão com o HPV. Antes era uma neoplasia mais associada a causas químicas, que atingia pessoas mais idosas, geralmente viciadas em tabaco ou álcool a vida inteira, em condições financeiras mais precárias. Agora, a causa mais comum é infecciosa.
Os pacientes são, em geral, jovens, muitas vezes no início da carreira, com filhos para cuidar, querendo voltar logo ao trabalho. O que pode ser embaraçoso é o jeito como eles recebem a notícia, porque a primeira informação relacionada a esse tipo de câncer que aparece na internet é ‘sexo oral’ e ‘HPV’. No início, não sabíamos lidar com o assunto, mas hoje já informamos que pode ser isso, como também outras causas que ainda estão sendo investigadas.

A relação crescente com um vírus sexualmente transmissível evidencia, na sua opinião, a importância de fatores culturais na prevalência desse câncer em diferentes populações? 
Podemos fazer essa relação sim. Por alguma razão, por exemplo, ele se tornou uma das principais causas da doença nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Encontramos mais casos no Ocidente do que no Oriente, até na Europa ocidental existem mais casos da doença do que na parte oriental. Nos Estados Unidos, a incidência de câncer de orofaringe entre homens brancos é bem maior que entre negros. Isso se deve a uma combinação de fatores, muitos deles relacionados a práticas culturais e sexuais, como o sexo oral. Ainda não temos evidências, mas é um dado importante, pois mostra diferenças até mesmo dentro de um país.

O câncer originado pelo vírus é mais complexo? 
Atualmente, 95% dos casos mundiais de câncer de orofaringe são originados pelo vírus. No entanto, surpreendentemente, os pacientes HPV+ respondem melhor ao tratamento quimioradioterápico do que os outros: em média apresentam três vezes menos risco de morrer do que os casos não associado ao vírus, os HPV-.

Existe alguma outra intervenção para esses casos, além da quimioradioterapia?
Sim, uma cirurgia nova que é feita com um braço-robô. Antes, precisávamos dividir a mandíbula ao meio, uma técnica muito invasiva. Agora existe esse braço, uma tecnologia implementada nos Estados Unidos em 2010, que dá mais acesso ao interior da boca e garganta para retirar o tumor. Imagine ‘Edward, mãos de tesoura’, só que com três braços: um deles segura uma câmera, os outros dois retiram o tumor. A câmera mostra detalhes que o olho humano não conseguiria ver e a mão do robô corta com precisão, o que permite que o paciente saia mais rápido do hospital e se recupere mais depressa.
Como selecionar as terapias para os pacientes? Nesse ponto, os biomarcadores ajudariam muito
O problema é que muitas pessoas ainda precisam fazer tratamento quimioradioterápico depois. Então, voltamos à questão: como selecionar as terapias para os pacientes? Nesses casos, não seria melhor ter feito o tratamento com drogas desde o início? Nesse ponto, os biomarcadores ajudariam muito. Se o tumor é pequeno, a cirurgia funciona bem, mas depende de caso para caso.

Em relação à produção de novas drogas, que iniciativas vêm sendo feitas?
A indústria farmacêutica não se interessava muito pelo câncer de cabeça e pescoço, já que era uma doença associada a homens mais velhos e sem perspectivas financeiras. Hoje, com o aumento do número de casos e a mudança de perfil dos pacientes, o interesse aumentou e diversas drogas novas estão chegando ao mercado. Muitas atuam como inibidores do receptor do fator de crescimento da epiderme [EGFR, na sigla em inglês], já que mutações associadas à atividade exagerada do EGFR podem estar relacionadas ao câncer.
Outras pesquisas buscam entender como o câncer de cabeça e pescoço se relaciona com o sistema de defesa do corpo. Há estudos que também indicam que ele ‘se esconde’ do sistema imunológico, assim como outros tipos de câncer, por não expressar os antígenos leucocitários humanos [HLA, na sigla em inglês], que, em determinada quantidade na superfície da célula, ativam as células de defesa. Os tumores têm muitas maneiras e ‘truques’ para ‘enganar’ o sistema imune. Algumas novas drogas procuram ‘desmascarar’ esse tumor, mas a abordagem mais correta deve considerar todos os tipos de intervenção.

Em que sentido a parceria que está sendo firmada entre o Inca e a Universidade de Birmingham vai contribuir para análises laboratoriais e clínicas desse tipo de câncer?
A Universidade de Birmingham será o primeiro parceiro britânico do Inca. A base da parceria vai ser unir o ponto forte de cada instituição. Queremos manter um programa de ensaios clínicos em tecidos tumorais, que será realizado tanto pelo Inca quanto pela Universidade de Birmingham. O Inca tem um trabalho extenso em epigenética, por exemplo, e nós somos fortes em estudos genômicos, então vamos atuar em parceria na realização desses procedimentos. Vamos funcionar como um centro fortalecido.
Com um sistema de bolsas, vamos promover o intercâmbio de estudantes entre as duas instituições, para troca de conhecimentos. Nossos alunos poderão, por exemplo, vir ao Brasil para acompanhar os procedimentos cirúrgicos com o braço mecânico, área em que o Inca tem a participação mais expressiva do país.