sexta-feira, 28 de junho de 2013

Diagnóstico de câncer pode ser período de autoconhecimento para jovens

Ademir descobriu que tinha linfoma aos 19 anos: "O pior é o que está na cabeça, o medo. O tratamento, em si, não é o mais complicado"
"Fiquei revoltado com tudo. Deixei o hospital e, na mesma noite, resolvi sair e beber. Eu estava abalado demais.” Foi dessa maneira que Ademir Guilherme Penso, 21 anos, reagiu, há dois anos, ao descobrir que estava com linfoma. No dia seguinte ao diagnóstico, uma conversa com especialistas deixou o universitário mais calmo. O estado do câncer no sistema linfático era avançado, mas as expectativas de cura, boas. “Fiz o acompanhamento psicológico, que todos precisam durante o tratamento. Mas minha família ficou ainda mais mexida. Por ver todos preocupados, precisei ser mais forte e acreditei sempre que seria curado”, conta.

A explosão da revolta seguida de uma grande onda de otimismo é reação comum entre os jovens acometidos pelo câncer. Segundo a especialista em psico-oncologia Marilia Zendron, existe a tendência de o paciente, em um primeiro momento, enxergar a doença como o fim da vida. “É um pensamento que não difere muito do adulto que recebe o mesmo diagnóstico. Porém, com a troca de experiências e vivências, e o aprendizado que o tratamento proporciona, a pessoa percebe que não é assim e que é possível viver com câncer e, principalmente, após o câncer”, afirma.

Chefe do Centro de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Sandro José Martins aponta que uma característica nos jovens pode amenizar o quadro de tensão. Eles normalmente têm menos problemas de saúde e a reserva funcional melhor, o que aumenta a eficácia do tratamento. “Também, em geral, toleram procedimentos cirúrgicos maiores e não se revoltam com os procedimentos médicos às vezes agressivos. Isso faz com que a possibilidade de sucesso seja mais ampla do que a de pacientes mais idosos”, explica.

O tratamento a que Ademir foi submetido começou logo que o tumor foi confirmado, pelo estado avançado do linfoma não era possível esperar. Para se dedicar à recuperação, ele trancou o semestre do curso de direito. “Preferi pausar um pouco os estudos e não precisar me preocupar com provas e trabalhos”, explica. O universitário foi submetido a sessões de quimioterapia até janeiro do ano passado. Segundo ele, que está curado, apesar dos impedimentos e das dificuldades, a terapia foi tranquila.

O tratamento a que Ademir foi submetido começou logo que o tumor foi confirmado, pelo estado avançado do linfoma não era possível esperar. Para se dedicar à recuperação, ele trancou o semestre do curso de direito. “Preferi pausar um pouco os estudos e não precisar me preocupar com provas e trabalhos”, explica. O universitário foi submetido a sessões de quimioterapia até janeiro do ano passado. Segundo ele, que está curado, apesar dos impedimentos e das dificuldades, a terapia foi tranquila. “A alimentação é mais restrita. Há coisas que não dá para fazer porque você está fraco. Mas eu consegui levar bem. Mantive contato com amigos, as saídas no fim de semana”, conta. O grande desafio mesmo foi enfrentar os pensamentos negativos. “O pior é o que está na cabeça, o medo. O tratamento, em si, não é o mais complicado.”

Segundo Zendron, as mudanças no modo de vida do jovem com câncer são um fator que pode trazer dificuldades. “Eles buscam certa independência, sair com os amigos, voltar mais tarde para casa. Ao receberem o diagnóstico, todo esse processo pode ser abalado. Haverá uma rotina de horários, necessidade de exames constantes, restrições desde mobilidade até de alimentação. Essa já é uma fase da vida em que a pessoa precisa de muita aprovação e, se está doente, como fazer isso?”

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